Com este primeiro post no blog achei por bem "começarmos pelo começo", afinal de que vale eu já ir direto pras cabeças se muitos ainda nem tem o instrumento, não é?
Terei como objetivo esclarecer dúvidas frequentes que percebo em meus clientes na Ka Luthieria, desmistificar as histórias da área que se tornaram verdadeiras "lendas urbanas" e ajudar você, leitor, a ter uma visão mais ampla sobre seus instrumentos.
Para dar início, um tema comum a qualquer músico: a procura pelo instrumento perfeito.
Quando começamos a tocar, raramente temos informações suficientes para fazer uma escolha acertada e, como nem sempre os vendedores têm esses dados, montei um pequeno passo a passo do que deve ser levado em conta na hora de comprar um equipamento.Independentemente da faixa de preço desejada, observe se o instrumento possui tensor, pois ele é um dos principais diferenciais e leva a uma maior vida útil da guitarra, do baixo ou do violão; mantendo-o bem regulado, ele ajuda a controlar empenamentos (quando o braço se torna côncavo:
ou convexo:)
e a prevenir torções (quando o braço torce no sentido de um 8):
além de garantir um maior conforto ao tocar. Há como identificar um empenamento de braço como o mostrado na fig. 1 com o truque de apertar a última casa e a primeira: se o meio da corda não estiver encostando nos trastes, é sinal de que o braço está "para frente".
Outro fato importante a ser observado é o estilo de música que será tocado com ele. Antes de ir à loja, procure pesquisar se os seus ídolos tocam com captadores do tipo single ou humbucker (captadores "duplos"); ao escolher o tipo de captador certo, será possível reproduzir com mais fidelidade o som desejado. Opte por guitarras de modelos mais convencionais, sem muitas pontas e chifres, pois eles, além de favorecerem a perda de som do ponto de vista acústico, são desconfortáveis para o estudo. Quando o vendedor perguntar sobre o modelo, cite nomes como Stratocaster, Telecaster, Les Paul e SG - além
de confortáveis, ainda oferecem uma maior possibilidade e valor de revenda, assim como são produzidos por indústrias de várias faixas de preço. Pergunte também sobre as madeiras utilizadas na confecção do braço e o corpo. Madeiras com bom timbre fazem com que sua guitarra valha um upgrade ao invés de trocá-la, o que sai mais barato e, às vezes, é até melhor. Mogno e cedro podem ser referência de boas madeiras de corpo para aqueles que gostam de timbres mais graves, enquanto ash, alder, maple e marupá têm características mais agudas e brilhantes. Para o braço, prefira madeiras mais resistentes, como o maple, pau-marfim e até o próprio mogno; já para a escala existem algumas "regras" gerais - madeiras claras tendem a ter um timbre mais agudo, favorecendo os harmônicos dessa gama, enquanto as madeiras escuras tendem a ter um timbre mais grave (com exceção do ébano, que tem um timbre mais agudo, apesar de sua relativa deficiência acústica).
Por hoje é só. Até a próxima.