segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Se você já ouviu alguma vez na vida o Jimi Hendrix usando WahWah, é muito fácil de entender porque músicas como Voodoo Child é provavelmente a música que mais fez outros guitarristas comprarem um Wah Wah na história. A música em si é um clássico da música, com uma interpretação primorosa e vanguardista de um dos caras que mais fez por um intrumento na história.

Mas eu não vim aqui simplesmente comentar sobre um grande músico e um grande música. Meu foco está no  Jimi Hendrix Crybaby Wah Pedal JH1B, que ainda nem chegou aqui direito e já tirou o sono de muitos clientes meus, que até encomendaram os seus de fora. Com um preço médio R$ 200 mais caro que o convencional, ainda com o inconveniente de ter de trazer de fora.



Por obra do acaso, havia um Wah Wah Crybaby aqui na oficina parado esperando uma confirmação de orçamento quando "a grande novidade" deu entrada para um orçamento de reparo. Ao abrir o pedal, apesar de todo o furor que a assinatura do Hendrix já cause em todos que sonham com seu timbre e em todos os entusiastas de efeitos, tive uma sensação de Dejá-vu. Então resolvemos colocá-los lado a lado e tirar as dúvidas:

Hendrix Wah Wah e Crybaby comum lado a lado


E então... Alguma semelhança?

Ou, melhor dizendo, alguma diferença??

Pois é, ambos são EXATAMENTE  a mesma coisa. Inclusive se pode ler na grafia do modelo na placa o mesmo "GCB-95 Crybaby". A única mudança é um capacitor de R$0,50 entre os dois, e o valor nem é lá tão diferente. Exatamente o mesmo potenciômetro e indutor. Portanto, não caia nessa jogada suja de marketing! Acredite ou não, apesar da sujeira disso tudo nem é a primeira e muito menos a última que isso acontece, que pode ser observada também no pedal MXR Phase 90 e seu irmão gêmeo mais caro e com uma caixinha trabalhada MXR EVH Phase 90 assinado pelo Van Halen.

Depois dessa vou até lavar a mão... =)

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Dedicação incrustada


Tá certo, nós amamos instrumentos.
Na maior parte das vezes é o som e o conforto quando você está tocando e a liberdade que ele te dá para alcançar seus sons e expressar sua música. Mas algumas vezes é a beleza que chama primeiro nossa atenção. Uma construção perfeita é apenas o começo nessa nova era da luthieria, a maioria das guitarras é melhor construída hoje do que em qualquer outra época, já que as CNCs fazem praticamente todo o trabalho e, se bem mantidas e alinhadas, não cometem os erros mínimos aos quais qualquer mão humana está sujeita. Mas acima da construção, a arte dos inlays e da marchetaria entrou numa nova etapa de desenvolvimento, onde até guitarras baratas podem se dar ao luxo de suntuosos inlays com desenhos diferenciados e frisos magníficos.
Mais recentemente os instrumentistas têm se habituado a esse novo horizonte e desenvolvido idéias próprias sobre o que eles querem para personalizar seu instrumento, e existem basicamente duas formas de um serviço deste gênero ser feito: por uma CNC (como boa parte das guitarras), e á mão, com muita paciência e técnica marcheteira. Sempre começa do mesmo jeito: o cliente liga com sua idéia e logo uma rápida conversa sobre o que ele quer, quanto ele quer gastar e quando ele quer que fique pronto é trabada para a definição dos pontos principais. Depois de definido isso, os materiais entram na conversa para sabermos se será feito em Abalone, Madre-pérola, madeiras exóticas, laminações ou acrílico - nessa hora vale tudo, inclusive juntar tudo isso num pacote só e deixar nas mãos habilidosas do marcheteiro a missão de fazer isso funcionar junto.
Ainda sem grandes expoentes brasileiros nessa área, alguns gringos chamam atenção pela perfeição e bom gosto de seus trabalhos, que acabam se tornando verdadeiras obras de arte. Conheçam Harvey Leach (http://www.leachguitars.com/guitarshop/) , Larry Robinson (http://www.robinsoninlays.com/) e Judy Threet (http://www.threetguitars.com/) com seus inlays a três mãos; o marcheteiro á moda antiga David Petillo (http://www.petilloguitars.com/) e Tom Ellis (http://www.ellismandolins.com/), um dos pioneiros da CNC.

Harvey Leach





 Judy Threet





Tom Ellis

CNC cortando a cavidade no headstock e cortando o Abalone para ser enxertado

Juntando as partes e o visual final.


David Petillo

  

Larry Robinson















Confira o que estes mestres tem a dizer direto lá da Premier Guitar (em inglês) e nos sites deles para ver os magníficos trabalhos desses artistas.
Até mais!

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Manutenção da pintura


Nós já vimos como escolher bem um instrumento e fomos um pouco mais fundo nos processos e alterações sofridos pelas madeiras. Pois bem, já compramos e sabemos quais são as alterações que essa guitarra pode sofrer, mas hoje é dia de saber um pouco mais sobre o acabamento, os vernizes e sobre como limpar e manter essa guitarra para que ela continue nova por muito tempo.
Todos os instrumentos tem suas madeiras devidamente tratadas antes que este seja entregue ao cliente. Olhando para a sua guitarra você, antes de estar olhando para a madeira, está olhando para algumas demãos de verniz sobre a tinta sobre o fundo para dar uniformidade a madeira. Os tipos de verniz mais utlizados na confecção de guitarras são o PU (abreviação para Poliuretano, é um verniz sintético que tem como principais características o alto-brilho, a transparência, resistência á intempéries e a flexibilidade) e o o verniz Nitro (abreviação para Nitrocelulose, é um verniz não-sintético que tem como principais características suas camadas extra-finas, o seu "envelhecimento" característico que tende a amarelar sob a incidência de raios ultra-violeta, dizem ser um verniz que valoriza mais o som das madeiras) sendo mais comum o uso do verniz PU devido ao menor custo e a facilidade de aplicação significantemente maior. O verniz Nitro pode ser visto em guitarras Gibson e nas Fender antigas, uma vez que as séries novas tem acabamento em PU.



Conforme vamos tocando com o instrumento, existe a tendência de ocorrer um acúmulo de poeria e gordura que é difícil de ser retirado apenas com um pano seco. Muitos clientes me relatam experiências inusitadas com álcool, poliflor e lustra-móveis diversos e óleos, o que muitas vezes acarreta em manchas na pintura do instrumento e maior sucetibilidade à aparição de mais poeira e gordura. O método correto para a limpeza do instrumento requer algodão e uma solução alto-brilho de sua preferência (pode ser encontrada facilmente em casas de tintas automotivas). A utilização da cera de carro (Gran Prix, Cerabril, etc.) não é tão recomendada devido a presença de silicone em sua composição, o que marca muito conforme o instrumento é manuseado. Essas soluções de auto-brilho não possuem silicone e são quase líquidas de cor branca.
Antes de começar a limpar, retire tudo quando for possível retirar do caminho como cordas, escudo e plate (não retire o escudo e o plate caso você não tenha experiência com soldas). Aplique a solução no algodão e espalhe sobre a superfície do instrumento até que suma a impressão de branqueamento. Pegue outro algodão e finalize o processo esfregando o algodão seco sobre a pintura até que se atinja o brilho desejado. Se o seu instrumento tiver escudo você poderá repetir o mesmo processo nele. Para a poeira e a ferrugem que se acumulam na ponte e nas partes metálicas é aconselhado o uso de óleo de máquina e uma escova de dentes velha juntamente com uma flanela. Faça esse processo antes de polir o instrumento com a solução de auto-brilho.
Ao executar esses processos tome cuidado para não retirar as peças do lugar e, se resolver retirar os carrinhos e os parafusos da ponte do lugar para remover pontos de ferrugem e cranhas, leve em seguida ao seu luthier de cconfiança para que ele possa regular o instrumento novamente. Tome cuidado para não utilizar flanela, estopa ou quaisquer outros panos no processo da solução de auto-brilho pois isso fará parecer que a pintura do seu instrumento foi polida com uma esponja de aço e nem sempre é possível recuperar facilmente (sem a necessidade de uma nova pintura) esses casos.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

A internet é o que você faz.

Mais recentemente assistimos todos a acensão meteórica do koreano Psy e o seu Gangnam Style, que ganhou versões e mais versões, da mística do Inri Cristo até a mais óbvia do Pânico, reproduções e mais reproduções e agora até no rádio toca.
Daí o mais óbvio conservador vai logo atacar que a internet só serve pra proliferar esse tipo de besteira, que a música do cara é isso e aquilo, que serviu pro Latino fazer versão e tudo o mais, mas o grande barato é mesmo essa facilidade, é só saber aproveitar. No embalo dessa onda toda do Psy, uma versão mostra que nem tudo está perdido. Com vocês, Sungha Jung e a versão que vale a pena ouvir de Gangnam Style:



Ainda nessa onde, pra quem gosta de uma boa risada embalada por um dos melhores filmes do Jim Carrey, clica aqui e seja feliz!

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Nem só de cordas

Nem só de cordas, regulagens, shapes, construções e muito pó de madeira vive um luthier. Nem só de cordas, escalas, acordes, harmonia e muito metrônomo vive um músico. Nada melhor pra um fôlego novo que uma boa música, uma boa leitura, algo do gênero. Há algum tempo lido e mais recentemente relido, o ótimo livro do Roberto Muggiati é o exemplo do que há de mais musical nas letras da muda literatura, em contraposição com o universo sonoro da literatura dele:
Improvisando Soluções

No livro, Roberto pega histórias verídicas de grandes nomes da música, como Louis Armstrong, Billie Holiday, Hermeto Pascoal, Sonny Rolins, João Gilberto, entre outros para exemplificar o quanto, mais que o jogo de dedos na hora de fazer um som, o jogo de cintura foi imperativo para o sucesso deles. Em boa parte do livro as histórias absurdas e as saídas geniais divertem e mostram como o improviso é mais do que um estudo a ser feito entre as cinco linhas da partitura cotidiana, é um exercício diário que abrange as mais remotas áreas da nossa vida e, entre um riso e outro, uma lenda urbana e uma história comovente, acabamos vendo a importância da grande arte do improviso pra tornar esse fardo nosso de cada dia um pouco mais leve.
Dá pra achar o livro bem baratinho lá na Estante Virtual clicando aqui ou ainda clicando aqui pra cotar ele novo lá no Buscapé.

 
 
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